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À espera da divulgação dos resultados trimestrais da Nvidia (BDR: NVDC34) na quarta-feira (28), o mercado volta as atenções para o impacto que os números da gigante de semicondutores podem ter sobre o apetite dos investidores por ações de tecnologia. No entanto, em meio ao entusiasmo com a inteligência artificial e com valuations trilionários, a XP faz um alerta: os múltiplos de preço/lucro (P/L) elevados do S&P 500 apontam para retornos futuros abaixo da média histórica.
Em relatório publicado na segunda-feira (26), os estrategistas Raphael Figueredo, Maria Jordão, Júlia Aquino, Lucas Rosa, Fernando Ferreira e Felipe Veiga mostram que, historicamente, níveis altos de P/L tendem a implicar retornos mais fracos nos dez anos seguintes. Atualmente, o índice S&P 500 negocia a 22,8 vezes os lucros projetados, patamar que, segundo a análise, historicamente esteve associado a retornos quase nulos ou mesmo negativos no longo prazo.
Apesar do protagonismo da Nvidia e da expectativa de que seus resultados possam destravar parte dos US$ 7 trilhões em caixa parados em fundos, o valuation agregado da bolsa americana levanta preocupações, gerando um índice inflado mesmo em um contexto de incertezas.
Para a XP, a correlação entre valuation e retorno se mostra fraca em horizontes de curto prazo, mas se intensifica em janelas mais longas. “Mercados com múltiplos mais baixos e maior momentum nos lucros podem a apresentar assimetrias mais atrativas”, afirma o relatório. Nesse cenário, a casa recomenda que investidores considerem ampliar a exposição a mercados fora dos Estados Unidos.
A casa reconhece que fatores como juros reais baixos, liquidez abundante e a concentração em empresas de crescimento ajudaram a sustentar múltiplos elevados nos últimos anos, mas reforça que tais distorções tornam a reversão à média um risco relevante para investidores que buscam retornos consistentes no longo prazo.
“Com o S&P 500 acima de 22,5x P/L — nível associado a retornos nulos ou negativos —, mercados com múltiplos mais baixos e maior momentum nos lucros podem apresentar assimetrias mais atrativas.”