Lula: fraude no INSS começou no governo anterior “possivelmente de forma proposital”

Presidente defende investigação cautelosa e diz que devolução aos lesados será prioridade

Paulo Barros

(Foto: Reprodução/CanalGov)
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (14), em coletiva à imprensa em Brasília, que a fraude bilionária envolvendo descontos indevidos em aposentadorias do INSS teve origem no governo anterior e pode ter sido articulada de forma proposital.

“Todo mundo sabe que isso é um erro feito no governo passado, possivelmente propositadamente”, disse Lula. “A gente ainda não está fazendo as coisas, denunciando ainda muito fortemente, porque nós temos que apurar. Eu sou contra fazer denúncia contra alguém se você não tem prova.”

O presidente destacou que a investigação está sendo conduzida com cautela, para evitar acusações infundadas. “Nós não queremos punir nenhuma entidade de forma precipitada. Por isso a cautela que eu disse à CGU, que eu disse à Polícia Federal, muita cautela para a gente não levar uma pessoa a ser crucificada e depois a gente não pede desculpa.”

Lula comparou a fraude a uma “quadrilha montada em nome dos aposentados, roubando aposentados” e criticou o que chamou de roubo contra a população mais vulnerável. “Antigamente as pessoas roubavam banco. Antigamente as pessoas roubavam gente rica. Mas agora tá pobre roubando pobre.”

O presidente também disse que o governo optou por não transformar o caso em um espetáculo midiático, priorizando a apuração. “A gente poderia ter feito um show de pirotecnia, como sempre se faz nesse país. […] O que nós fizemos? Fizemos aquilo que um governo sério faz. Colocamos a Polícia Federal, a CGU, pra fazer investigação minuciosa de tudo até chegar aonde a gente queria chegar.”

Segundo Lula, a prioridade será ressarcir os beneficiários lesados. “Nós vamos devolver o dinheiro para os aposentados que foram lesados pela quadrilha. […] Esses que foram ressuscitados, e nós vamos ressuscitá-los imediatamente.”

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O presidente afirmou que as entidades envolvidas terão oportunidade de apresentar provas da regularidade das autorizações. “O que nós estamos pedindo é dando uma chance às entidades para que elas apresentem prova da veracidade das assinaturas das pessoas. Até agora não apresentaram. Se alguma apresentar, será levada muito a sério.”

Paulo Barros

Jornalista, editor de Hard News no InfoMoney. Escreve principalmente sobre economia e investimentos, além de internacional (correspondente baseado em Lisboa)